quarta-feira, 11 de junho de 2008

Interação adulto-computador-criança

Partindo da mediação adulto-computador-criança, onde o papel do professor é mediar as ações que ocorrerão do contato da criança com o computador, é possível observar a importância que o preparo do professor imprime nesta ação, pois não basta apenas a criança interagir com o computador é preciso estimulá-la para que vá além e construa conhecimento a partir das informações recebidas, assim “cabe ao professor interagir com o aluno e criar condições para levá-lo ao nível da compreensão, como por exemplo, propor problemas para serem resolvidos e verificar se a resolução está correta. O professor, nesse caso, deve criar situações para o aluno manipular as informações recebidas, de modo que elas possam ser transformadas em conhecimento e esse conhecimento ser aplicado corretamente na resolução de problemas significativos para o aluno.” (Valente, 1999, p. 73)
Podemos evidenciar nesta fala, que o papel do professor é problematizar, criar situações, estratégias para que os alunos se apropriem das informações, transformando-as em conhecimento, e estes serem aplicados para resolver problemas significativos para os educandos, porém o que observamos nas aulas de informática é que os alunos apenas brincam, jogam apenas, interagem com a máquina e o professor exerce a função de “tira dúvidas” e “corrige erros”, as “situações de aprendizagem” que propõem as crianças são jogos mais difíceis, denominando-os como desafios, os quais não passam de uma versão mais elaborada do jogo que estavam jogando, que aprendizagem estão tendo? Que conhecimento estão construindo? É preciso das continuidade as aprendizagens, não exercitar apenas, “o mecanismo de construção de conhecimento [...] pressupõe o princípio da continuidade – um novo conhecimento deve estar relacionado com o que já se conhece. Aprender significa enriquecer as estruturas por meio da adição de novos conhecimento (acomodação-assimilação piagetiana) ou da reorganização das estruturas (por meio do pensar, do refletir)” (Valente, 1999, p. 71)
Para Piaget, a criança se desenvolve através da interação, segundo ele o desenvolvimento é adaptação, adaptação ao novo, o equilíbrio entre o antigo e o novo, através das perturbações que o ambiente apresenta, “ o mecanismo de interação da criança com o ambiente é constituido por um movimento em espiral ascendente, cujos pólos são a assimilação e a acomodação. A assimilação é incorporação da realidade exterior [...]. A acomodação é a mudança que se realiza nestes esquemas de ação já construídos pelo sujeito, para ajustá-lo aos novos dados do meio”(Carvalho; Guimarães, 2002, p. 42); Piaget descreve então que a criança reestrutura seu mundo, suas percepções através das desestruturações ocorridas pela acomodação e as incorporações novas feitas pela assimilação, mas Piaget apesar de acreditar na interação sujeito-objeto, também defende que a criança precisa do adulto para crescer, se desenvolver, assim também como Montessori, segundo Marli Möller, “ para ambos a criança precisa conviver com adultos que a amem, protejam-na e ofereçam oportunidades variadas e sadias para que, possa desenvolver suas potencialidade e construir a si mesma. Como é a própria criança que deve construir sua inteligência e sua personalidade, o adulto não deve fazer coisas pela criança, pois assim a priva da experiência que via gerar novas estruturas.”(Möller, 1991, p. 13)
Por isso que o preparo do professor e suas práticas pedagógicas são tão importantes, seja na área da informática ou em qualquer outra área do conhecimento, o professor deve estar comprometido com seus alunos, com seus objetivos educacionais, orientar os trabalhos, criar situações de problematização para a construção do conhecimento dos seus, por tais motivos o educador deve conhecer seus instrumentos de trabalho e se apropriar deles para auxiliar no processo de ensino e de aprendizagem, então “ o professor necessita ser formado para assumir o papel de facilitador dessa construção de conhecimento e deixar de ser o ‘entregador’ da informação para o aprendiz. Isso significa ser formado tanto no aspecto computacional, de domínio do computador e dos diferentes softwares, quanto no aspecto da integração do computador nas atividades curriculares.” (Valente, 1999, p.84)

Bibliografia:
Carvalho, Alysson; Guimarães, Marília; Salles, Fátima. Desenvolvimento e aprendizagem. In: Carvalho, Alysson; Guimarães, Fátima. Desenvolvimento da criança de 0 a 6 anos. Belo Horizonte. Editora UFMG; Proex – UFMG, 2002, p. 31-49.

Estudos Leopoldenses, vol. 27, nº 124, setembro/outubro, 1991, p. 5-18. Möller, Marli. Tema: O período de zero a seis anos , segundo Montessori e Piaget.

Valente, José A. (Org). O computador na sociedade do conhecimento. In: Valente, José A. Análise dos diferentes tipos de softwares usados na Educação. Campinas, SP. UNICAMP/NIED, 1999. p. 71-85. http://www.ulbra.tche.br/~magda/edumat/aswvalente.pdf

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